A História da Permacura



Uma história que vem sendo tecida na vivência, na escuta profunda da natureza, que abre os olhos para a história da separação e os impulsiona à esperança ativa, ao Interser, na Grande Virada (inspirada por Joanna Macy).

A história da Permacura começa em 2020, quando o casal Mariana e Cristiano chegaram a um terreno degradado, pertencente à família, no Vale das Videiras e decidiram fazer desta terra sua casa.

O espaço de 4.000 m2 estava há 17 anos sem cuidado. Havia apenas cavalos que um vizinho colocava lá. Quando decidiram iniciar seu sonho no local, tiveram que lidar com uma gigantesca proliferação de micuins, os carrapatos. Foram 6 meses indo ao terreno para escutar “o sonho da terra”, fazer rituais de (re)conexão, escutar as árvores que estavam ali há décadas - ou seja, o “observar e interagir” da Permacultura. Estava claro após esse primeiro contato que a energia precisava mudar, e não faltaram práticas de yoga, meditação, ecologia contemplativa e profunda, reiki, thetahealing e constelação familiar para iniciarem um desenho da Permacura.

Em setembro do mesmo ano, decidiram raspar todo o terreno - uma alternativa para a infestação dos carrapatos - já que não queriam usar químicos no solo e nas plantas. Essa intenção vinha acompanhada de um trabalho intenso de refazer o solo em seguida, por isso a agrofloresta sintrópica teve seu importante papel. Foram criados cinco canteiros grandes com árvores nativas da mata atlântica, bananeiras, milho, feijão, mandioca, abacaxi e entre os canteiros, plantas para gerar matéria orgânica. No início contaram com a colaboração dos vizinhos, indo buscar matéria orgânica (podas e limpeza dos jardins) nos arredores.

Hoje, a matéria orgânica é abundante! Em pouco mais de 6 meses já tinham uma visão mais "verde" do terreno: parecia que toda a natureza estava colaborando com a regeneração. Foi uma experiência de sonhar, planejar, agir, uma visão que sustenta e celebra a vida. E não faltaram rituais e celebração. Saíram de um paradigma da estagnação e escassez, para o da fertilidade e abundância, onde foi possível experimentar na prática a capacidade regenerativa da terra, a inteligência de todo o ecossistema.

Esse movimento inicial aconteceu com o casal acampando no terreno, usando banheiro seco, dormindo no carro, tomando banho ao ar livre e se aquecendo e cozinhando na fogueira. Também foram muitos os momentos dedicados à contemplação do céu, das constelações, das estrelas, dos ventos e suas direções, estudando os caminhos do sol, os ciclos lunares, abrindo uma escuta profunda para as irmãs árvores, as guardiãs da terra (araribás, aroeiras, figueiras, casuarina, pinheiros, entre outras, que já estavam por lá há décadas), as avós montanhas (estão no centro do vale, cercados por elas).

Foram 10 meses co-construindo a casa sonhada com as próprias mãos junto a uma equipe: uma arquiteta (Bruna Ferri da @casamescla), um especialista em construção de domos (Derby Nacaratto da @geodesic_brasil) e muitos colaboradores (o Sr. Adão que fez artesanalmente o muro de pedras encontradas no terreno, marceneiros para o forro, pedreiros, eletricistas, entre outros). Durante toda a obra, no platô mais alto do terreno, ia ganhando corpo um domo geodésico - com sua geometria sagrada e vários benefícios na resiliência às mudanças climáticas, redução de resíduos da obra e suficiência energética. Um desafio e tanto, pois exige uma abertura a algo totalmente novo.


A agrofloresta sintrópica, além dos cinco canteiros que já têm 2 anos, ganhou mais canteiros com frutíferas e hoje ocupa ⅓ do terreno, já gera abundância de matéria orgânica e alimentos que atraem toda uma diversidade de fauna. Uma mini-floresta que é a alegria de pássaros, abelhas, borboletas, joaninhas, vespas, sapos. Existe a horta com plantas medicinais e alimentos, um mini-viveiro de mudas que fazem com sementes, a composteira, o lago que recebe as águas cinzas tratadas, o ciclo de bananeiras para tratar o esgoto, um espaço de apoio com fogão a lenha, um redário, uma oficina e, em breve, um espaço de práticas que vem sendo sonhado e planejado pelo casal.

Assim se iniciou a história da Permacura, um reencontro de duas pessoas que tinham um sonho, um propósito, uma missão de vida e se conectaram à terra, para saber qual era o sonho dela e, a partir daí, tudo e todos fluírem e viverem essa metamorfose.

Essa história reflete um momento do casal em que ambos se percebem com mais maturidade emocional, clareza mental, consciência de pertencimento a algo maior, à teia da vida, uma aproximação de como viviam seus ancestrais e como dar voz a essa sabedoria que sustenta e celebra a vida.

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