Reconexão com a natureza que somos


"Caminhe como se seus pés beijassem a terra." Thich Nhat Hanh

Um projeto para ser regenerativo precisa estar fundamentado no potencial de seu lugar, para se desenvolver e evoluir além do que é atualmente capaz. A Permacura tem a premissa de que a base crítica para o desenvolvimento externo é o desenvolvimento interno de novos níveis de capacidade, consciência, identidade cultural e vontade, tanto nos idealizadores do projeto como praticantes, quanto nas comunidades e sistemas em que atuam. Portanto, o núcleo do processo de desenvolvimento de uma prática regenerativa é aumentar a capacidade de trabalhar simultaneamente nessas dimensões internas e externas, compreendendo que a saúde é um recurso para a vida.

O físico, o mental e o espiritual são cultivados através das práticas de yoga, de meditação e do trabalho com a natureza, interagindo com a presença de outros seres vivos, não humanos. Segundo David Abram “somos humanos apenas em contato, e convivência, com o que não é humano”. A natureza é a inspiração para a manutenção do espaço físico e para a criação de atividades que conectem as pessoas ao meio natural.

No projeto juntam-se conhecimentos ancestrais e da ciência moderna à observação do meio natural e experimentação, a fim de aprimorar o desenho e ter o melhor aproveitamento da energia disponível no manejo do terreno e da agrofloresta sintrópica. Como exemplo, a partir da observação do terreno é possível identificar a presença de ervas daninhas como sinal de deficiência no solo ou verificar que ao invés de pragas, algumas espécies podem ser consumidas, são as plantas tradicionais, conhecidas como 'pancs'.

Outra iniciativa adotada foi o saneamento ecológico, como o círculo de bananeiras (tratamento das águas negras - TEvap) e a tecnologia apropriada para tratamento e reuso das águas cinzas. As bananeiras dão belos cachos, provavelmente pela presença de nutrientes como fósforo e nitrogênio no efluente final, como fertilizante. O TEvap pode substituir as fossas sépticas residenciais com vantagens ambientais e econômicas, como apresenta na conclusão de sua tese, Adriana Galbiati (2009).

"Quando olham para esta flor, vêm que esta flor está cheia de tudo. O sol, as nuvens, o solo, o tempo, o espaço, o jardineiro… tudo, incluindo a tua própria consciência. Podemos ver que a flor está cheia de consciência." Thich Nhat Hahn

O espaço natural e a (re)conexão com a natureza que somos começa com:

Cultivo das boas sementes, transformando a dor e o sofrimento em compreensão/amor, uma visão do Interser, com práticas diárias de meditação, yoga e expressão artística como o canto e a dança;
Entendimento e utilização dos recursos naturais como a inclinação do terreno, a predisposição do vento, uso da iluminação natural e energia solar;
Casa co-construída com grande parte dos materiais retirados do próprio terreno, respeitando o entorno e integrada à paisagem;
Compostagem dos resíduos orgânicos que retornam ao solo;
Interface entre água e a ocupação do solo, a provisão de água para consumo, gestão de águas residuais e captação apropriada da água da chuva com preocupação de devolução ao sistema: é importante retornar água de ótima qualidade ao meio ambiente, após seu tratamento, os nutrientes e sua energia incorporada são utilizadas pelo meio;
Preocupação com a diminuição da pressão sobre o sistema de drenagem, gerando uma paisagem que vibra e trabalha os ciclos locais;
Utilização do calendário biodinâmico, agricultura pensada de forma holística, da forma mais natural possível.

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