A Agrofloresta Sintrópica na Permacura


O Vale das Videiras integra e é composto pela sub-bacia do rio Fagundes, que nasce na região e faz parte do bioma da mata atlântica, considerado pela ONU uma área prioritária para conservação da biodiversidade mundial. O projeto contribui para a conservação deste bioma único através da agrofloresta sintrópica, onde há maioritariamente plantas e árvores típicas da mata atlântica.

A formação da agrofloresta sintrópica, no local, se iniciou na primavera de 2020 com o plantio em consórcio de árvores nativas da mata atlântica. No desenho utilizado, cada canteiro tem cerca de 80 cm de largura e alguns com 20, 30 metros de comprimento, e, entre os canteiros, estão os caminhos, cada um com 40 cm de largura. Esse desenho é, desde então, constantemente ampliado, não só em tamanho, mas também em diversidade, através do manejo constante.

Segundo a Agricultura Sintrópica de Ernst Götsch, uma floresta se beneficia da abundância de espécies que co-crescem em um sistema de estratificação. Isso significa que plantas pequenas, de tamanho médio ou grande não só podem co-existir pelos tamanhos diferentes, mas também se beneficiam mutuamente, por exemplo pela sombra criada, pelo húmus em maior quantidade e pelo uso complementar de nutrientes.

Em setembro de 2021 o casal iniciou um sistema agroflorestal sintrópico com ênfase nas árvores frutíferas, consorciado com árvores nativas da mata atlântica, banana, milho, mandioca, feijão, girassol, margaridão, cúrcuma, entre outros. A produção de alimento é feita com árvores, plantas perenes e anuais, em um sistema que imita a floresta natural. Hoje é possível ver a abundância e a biodiversidade nesse espaço que reúne conceitos e princípios do manejo agroflorestal, que são o solo sempre coberto para a ciclagem de nutrientes, as linhas de árvores para podas e geração de biomassa, a diversidade de espécies nos canteiros em forma de consórcios que levam em conta o espaçamento, a sucessão natural e a estratificação das plantas.

A biodiversidade no sistema da agricultura sintrópica contribui para a resiliência aos desastres climáticos. A grande quantidade de matéria orgânica contribui para um solo mais saudável e fértil, além de um sistema com muitas raízes que protege o solo quando ocorrem chuvas intensas.

Para preparar o espaço para o caso de muitas chuvas, foram plantadas gramíneas que fixam nitrogênio (grama amendoim) e o vetiver com raízes profundas na encosta (um teste para o barranco na lateral da casa, onde descia muita terra), aliados ao resultado positivo do plantio de mais de 400 árvores.

No território da Permacura, observam-se polinizadores (vespas, borboletas, abelhas, joaninhas, muitos insetos), minhocas no solo, cogumelos, entre outros, para ilustrar essa diversidade. Já os manejos e cuidados com as árvores, a horta e as plantas medicinais, segue-se o calendário biodinâmico, e um dos objetivos dos fundadores é expandir e oferecer estes cultivos a médio prazo.

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